domingo, 23 de outubro de 2011

"O noivado do sepulcro"

O Noivado do Sepulcro

Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soou;
Que paz tranquila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranquila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
D'entre os sepulcros a cabeça ergueu.

Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na marmórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se e com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
"E que na tumba não cessei d'amar,
"Por que atraiçoas, desleal, mentida,
"O amor eterno que te ouvi jurar?

"Amor! engano que na campa finda,
"Que a morte despe da ilusão falaz:
"Quem d'entre os vivos se lembrara ainda
"Do pobre morto que na terra jaz?

"Abandonado neste chão repousa
"Há já três dias, e não vens aqui...
"Ai, quão pesada me tem sido a lousa
"Sobre este peito que bateu por ti!

"Ai, quão pesada me tem sido!" e em meio,
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos protestos nossos,
"Gozes com outro d'infernal prazer;
"E o olvido cobrirá meus ossos
"Na fria terra sem vingança ter!

– "Oh nunca, nunca!" de saudade infinda
Responde um eco suspirando além...
– "Oh nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinas, airosas,
Longas roupagens de nevada cor;
Singela c'roa de virgínias rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
"Vês este peito? reina a morte aqui...
"É já sem forças, ai de mim, gelado,
"Mas inda pulsa com amor por ti.

"Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
"Da sepultura, sucumbindo à dor:
"Deixei a vida... que importava o mundo,
"O mundo em trevas sem a luz do amor?

"Saudosa ao longe vês no céu a lua?
– "Oh vejo sim... recordação fatal!
– "Foi à luz dela que jurei ser tua
"Durante a vida, e na mansão final.

"Oh vem! se nunca te cingi ao peito,
"Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
"Quero o repouso de teu frio leito,
"Quero-te unido para sempre a mim!"
E ao som dos pios do cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrada, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

Soares de Passos

terça-feira, 7 de junho de 2011

Acabou-se-vosafestaseusgrandesfilhosdaputacobardesestaiscondenadosaenormesuplíciosedestanãotendesescapatóriaquemmandoumexercomquemnãodeviam?agoratereismortelentaedolorosaenãotenho penanenhumaardeideumavez.

sábado, 20 de novembro de 2010

Massacre

Lua Cheia Plena em KaliMa. Todos os traidores são esmagados, esventrados, esfaqueados, torturados em rodas, com ferros em brasa, na guilhotina, nos bunkers, nas prisões, onde quer que estejam, os cães de H. farejam-lhes o cheiro pútrido e levam-nos à sala do juízo. O Escorpião surge da terra, agiganta-se perante o olhar petrificado do refugo e arranca-lhes o coração com a cauda, o veneno entra-lhes nas veias e eles explodem. Os pedaços de carne pútrida vão parar à boca de hipopótamos famintos que limpam o terreno da presença desses animais atrasados. O Escorpião regressa às suas múltiplas moradas.

É possível que os aliados dos traidores tenham pesadelos , e tremam,  porque sabem que são os próximos. Não adianta fugirem.

© MagnetikMoon MMX

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Resposta :

-Sim, sinto-Te.


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Soy!

Soy la Naturaleza
Soy Mármol

En tus ojos en tu pelo en tus manos

Que te conozco
en la lavanda de mi piel acústica y feroz

Eruptiva de tu embrión Soy la Primera, la Sola.

Primacía de tus raíces

© MagnetikMoon MMX

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ossos da torneira

Sem se darem conta são os vermes esmagados na sola das minhas botas, a pedirem clemência sem poderem sequer gritar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

OLHOS DE FOGO

Instantes coloridos que passeiam nas margens da insanidade e se transportam em luxúrias esventradas pelo código. Aqui moram as abstracções e o curso bélico do milénio submarino. Para prosseguir as máximas é necessário eclodir as directivas alucinadas do desdém. O vento gritará contentamento nas águas e as nuvens dissolver-se-ão no nevoeiro delirante.